segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Poesia hoje - março/2002

Antes nascia da dor:
profunda, aguda, doída,
sem fim
Era parto de criança atravessada
onde alguém corre o risco de morrer
Morria eu
Nascia a poesia
Desfalecia-me no pranto da dor
enquanto as palavras riam-me no papel
Hoje nascem da boémia
mesmo de um copo de fanta
Onde o único entorpecer que preciso
são as palavras do poeta maior
De quem bebo cada artigo
e não me envergonho engasgando em substantivos e adjetivos
Hoje o parto é tranquilo
É parto de índio,
que num suspiro,
agacha,
pari
e arrebenta o cordão pra sair andando
anunciando na maior das felicidades
a cria perfeita

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