quinta-feira, 21 de abril de 2016

Uma pergunta



Outro dia me perguntava 
o que fiz com a minha inteligência
Olhei para um lado
Olhei para o outro
Não havia concreto, ferro ou lata
Respirei fundo e segui
Dia desses, novamente, a pergunta
O que fiz com a minha inteligência?
Respirei fundo e repliquei
Sobrevivi

Sem cabeceiras



Minha próxima mesa,
comprarei-a redonda
Não haverá cabeceiras
Não haverá lugar de destaque
Apenas sentaremos, comeremos,
beberemos
A conversa fluirá com sorrisos, risos
e gargalhadas
E brindaremos à vida!



Além do flerte



me dê um ósculo

pra que melhor eu te enxergue



Círculos



Círculos sempre foram importantes em minha vida.

Na casa da Vó havia, do lado de fora, num varandão, um toco de mais ou menos um metro e meio que ficava na horizontal nos servindo de assento. Ali, o Vô Mazinho colocava, na diagonal, uma cadeira onde, em frente, estaria o pilão em que seria batida a paçoca.
Numa época, cabíamos quatro no toco, com o passar do tempo, só três. Os outros sentavam-se no chão e, pronto, nosso círculo estava formado.
Algum tempo depois de assistirmos àquele Senhor moreno, de fartos bigodes e braços fortes no ir e vir do soquete, eis a paçoca. A melhor de toda a minha vida.

Nós e o Vô também tínhamos encontro marcado para moer cana. Também num círculo. Era uma manilha com suas bordar dispostas pra baixo e um lajeado usado como mesa. Em cima ficava o moedor manual e nós ao redor, mais uma vez vendo o Vó mexer seus braços fortes e transformar aqueles caules num dulcíssimo caldo.
Aqui em Arraial, aprendi a tomar caldo de cana com limão, lá em Barra não havia esse hábito. O Vô iria apreciar a mistura.

A casa da Vó era uma chácara num terreno acidentado. No segundo plano havia uma mangueira onde, próximo ao seu tronco, encontrava-se uma outra estrutura de cimento, como a que sustentava o moedor de cana. Ali, ela nos servia de messa para os nossos pique-niques. Colocávamos uma toalha, que a Vó Raquel já deixava separada para tal ocasião. Nosso farnel era composto de bolo (iguaria que sempre se fazia presente na cozinha da Vó), suco e todos aqueles doces que encontramos nos saquinhos de Cosme e Damião. Comprar os doces era uma festa. A Vó ficava do portão nos vendo atravessar uma ruazinha que, o único perigo existente era sermos atropelados por um carrinho de rolimã. Mas nos sentíamos importante, afinal, íamos, sós, comprar nossos doces.
A copa arredondada da árvore protegia nossas guloseimas do sol e, também em círculo, corríamos pelo terreiro com nossos velocípedes e bicicletas.

Um outro círculo que eu adorava frequentar era o formado por três sofás e a TV, onde eu e o Vô Tininho, cada um em seu sofá, ele sentado e eu deitada, assistíamos, no início, Clube do Bolinha, depois passou a ser o Cassino do Chacrinha (que eu gostava mais) e, por fim, Programa Raul Gil, esse eu nunca gostei. Mas continuava fazendo parte do círculo, pois a companhia do meu Avô era o que o tornava importante. Mulato elegante, alto, também ostentando fartos bigodes. Caía na risada, se divertia muito com esses programas. Depois jantava e ia pra sua casinha, lá no morro.

E não posso esquecer das grandes rodas quando levantávamos poeira no terreirão dançando nossa quadrilha.

Em muitas de minhas aulas propunha aos alunos que colocássemos as carteiras em círculo, assim não ficávamos de costas pra ninguém, assim podíamos ver e não só ouvir nossos colegas. Nos círculos ninguém fica na frente, ninguém fica atrás, não existem cabeceiras. Detesto cabeceiras... Mas isso são outros quinhentos... rs


quarta-feira, 20 de abril de 2016

Geminianos



Já reparou na representação do signo de gêmeos?

São dois

Mas não se completam, são completos

O geminiano não é alguém esperando por sua outra metade

O geminiano espera alguém tão completo quanto sua completude

Caminha sempre

E voa, pois tem grandes asas

Mas ele precisa do outro

Afinal, conversar é bom demais!