terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Mais um "Feliz Natal"

Por que o Natal não é em julho?
Seria menos doloroso encarar lojas tão cheias num clima mais ameno.
Mas ...
Por que preciso fazer isso?
Preciso comprar presentes só pras crianças.
Elas não entenderiam tal ausência.
E curtem rasgar tanto papel.
Elas não têm culpa, nunca têm.
Talvez um dia entendam toda a falta de sentido.
Talvez um dia deixem de comprar.
Quem sabe ...
De qualquer maneira,
pra quem ainda entende o sentido destas palavras:
Feliz Natal!

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Encruzilhada

e cá estou eu
parada
olho pro que passou
e sinto saudade
de como não foi
atrás de mim
as possibilidades
continuo de costas
não quero decidir
não sei como fazê-lo
melhor sentar um pouco
...
de costas
...
tenho medo de seguir
pela esquerda
e seguir com dúvida
sentir saudade
do que havia
do outro lado
e não vi
...
voltar não dá
...
nunca dá

Chuva

... o céu se fez cinza
chega pela esquerda
do outro lado
já intimidado
o azul se desfaz
os anjos tocam tambor
o som
ensurdecedor
assusta
fico esperando o próximo
mas eles parecem saber da espera
conseguem me assustar
a cada batida
entre o cinza
que
agora
é escuro
e pinta todo o céu
rajadas de prata
ao som dos tambores
vai dá pra lavar a alma
música
luz
o show promete
o cheiro de terra
já invade as narinas

... espero ...

... espero ...

me enganaram
os pingos foram tão poucos
tão pequenos
evaporaram
antes de tocarem o chão
os raios se foram
a chuva não caiu
ficou só o cinza
escuro

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Quatro paredes e uma escada

Eu e as quatro paredes
Elas me abraçam em dia frio
Abrem suas janelas aos 40º
Ouvem minhas lamentações
Ouvem meu silêncio
Não perguntam nada
Sabem que não gosto de respostas
Acomodam minha dor
Estão aprendendo a acolher a alegria
São brancas como monte de neve
Claridade de sol forte no olho
Me empurram escada a baixo
Batem a porta na minha bunda e dizem:
Vá Virginia, vá viver

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Fantasmas

Não sei por onde começar. Nem o livro, muito menos a vida. Essa nova vida que se desenha cria-me estranheza. Os fantasmas saíram debaixo da cama, sentaram-se à beira e conversam comigo. Tapo os ouvidos, mas eles falam ... falam ... ignoram que eu os ignoro. Na verdade é apenas uma tentativa em vão, pois quero ouvir o que tanto gritam, sussurram. Querem chamar minha atenção. Achei que ao saírem debaixo da cama iriam embora. Os veria saindo porta a fora e descendo a escada ... talvez voassem ... mas sairiam. Puro engano. Agora que são mais que vozes, parecem querer conversar olho no olho. Não sei como lidar com isso. Sinto medo. E não tenho medo de senti-lo. Deixo que invada todo meu ser. Quero saber qual é a sensação do medo consciente. Sentar e ... quase deleitá-lo. Talvez assim o conheça de verdade. Talvez perceba que ele não tem um porquê pra estar aqui. Dessa forma, quem sabe, eles partam.
Os fantasmas sussurram em meus ouvidos sem pudor. Pegam-me desprevenida sempre. Criam diálogo que desconheço, travo brigas imaginárias que me consomem. Talvez quem olhe a cena veja uma mulher sentada, quieta, com olhos estatelados. Deve ser assim que fico. Pois não reajo. Sinto que fico estática enquanto a mente, a alma, rodopiam. Só sei que, quando me dou conta, estou cansada, aí reajo, falo em voz alta pra que sumam. Que já os conheço, sei que são irreais. Mas ... Como podem ser irreais se me paralisam.
Eles são pedaços de mim, só pode ser isso. Nada é tão assustador a ponto de nos tirar de cena do que os lixos que não colocamos pra fora. E nessa decomposição ... todo aquele gás me sufoca. Só me resta a faxina. Não sei por onde começar. Por enquanto só movo o lixo de lugar, não sei como irei colocá-lo porta a fora. Mas já é um movimento. E os fantasmas se assustam. Sabem que cansei de ficar parada. Sabem não ter mais lugar na beira da minha cama.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Praia Grande

... o sol esquentando
areia fina nos pés
vento na cara
cabelos nos olhos
passos ...
cheiro do mar que se aproxima
água gelada
doendo nos pés
passos ...
mergulho
eletrizando o corpo
sangue correndo
vento quente
passos ...

Conversando no nº 1007, bloco I

O momento é agora
Mesmo que olhemos para trás
para frente
o momento acontece
E num piscar
o perdemos
O passado ... passou
Não o tornemos peso desnecessário
O futuro está ali
Deixe-o descansar tranquilo
Respire o agora
e ele será o futuro
Mas olhar fixo pra frente
é só angústia
Dance,
cante,
se descabele,
faça silêncio,
grite até enrouquecer
Mas faça
Faça agora
Faça hoje
Se arrependa até
Só não deixe a vida passar

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Dor que não cessa

Você é como um gato
ou mais de um
Penso tê-lo matado
cá está você
Uma dor que não cessa
Um grito que não cala
Um gosto ...
... que o tempo amargou
A música agora é fúnebre
O que parecia solidão
era praça lotada em tarde de domingo
Solidão é agora
Solidão é querer
só por um átimo
teus olhos negros me fitando
Mas você não ouve
não vê
nem sequer lembra ...

domingo, 28 de outubro de 2012

Primeiro Paço

Vou seguindo o caminho
Bom encaixotar coisas
Fui tirando-os da estante com cuidado
Todos sentiremos a mudança
Pensei reler Sartre, Zélia e Buscaglia
mas tenho os russos pela frente
Um passo de cada vez
A mudança é ao gosto do vento
A vida tá me levando
Ainda me assusto
mas não vou resistir
Nada contra o vento
Nada contra a correnteza
Para alguns não é dada a chance
de escolher o caminho
mas a de aprender o ritmo dos passos
O lugar é pequenino
mas cheio de luz
A claridade propicia a leitura
Isso é bom!
Meu paço é singelo
E chego até ele com passos firmes
Colocar as coisas no lugar
me jogar no puff
acompanhada de algum russo
Eis a festa!

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Aos Mestres com carinho

Lidar com material humano é, simplesmente, divino.
Minha Mãe é professora. Hoje está aposentada, mas muito me orgulho quando ainda encontro com seus ex alunos e ouço falar dela com carinho, respeito e admiração.
Na escola onde trabalhava conheci "Tias" maravilhosas. Tia Emilce, tia Josamira, tia Tânia, tia Lúcia não foram minhas professoras mas muito me ensinaram e ficou uma amizade que dura até hoje. Essas Tias e suas famílias fazem parte da minha vida e da vida da minha família.
Tenho na lembrança professores que foram muito importantes.
Tia Aldinéia da primeira série, loira e com um largo sorriso.
Tia Altiva, tia Marlizinha, tia Marlizona, pessoas doces que, quando ainda tenho a oportunidade de encontrar sinto-me presenteada naquele dia.
Miguel fui encontrar já no, como é denominado hoje, segundo seguimento do Ensino Fundamental. Professor de História com quem aprendi a ser questionadora e descobri minha veia esquerdista ... rs ... daí não parei mais.
Marlúcia foi outra pessoa muito especial. Alta, olhar direto, disciplinador, porém doce. Sempre nos acompanhando nos passeios. Ali se revelava uma brincalhona. Era sempre o primeiro nome que sugeríamos pra nos acompanhar, pois era certeza de um passeio muito divertido e agradável.
Na Faculdade reencontrei alguém que não fazia parte dessa lista. Sempre batemos de frente, e não foi diferente nesse período. Professor excepcional, detentor de conhecimento e talento indiscutíveis. Mas na época eu era apenas rebelde, ainda desconhecendo a ausência de algumas causas. Brigávamos em sala e, quando nos esbarrávamos no ônibus, voltando pra casa, gostávamos de conversar. Vai entender essas almas ... rs ... Professor Eraldo, fica aqui meu agradecimento por fazer parte, hoje, dessa lista tão importante.
Icléa era Doutora em Literatura Portuguesa, muito me ensinou e me inspirou.
Regina Celi, como sinto falta dessa pessoa hors concours , Doutora em Literatura Brasileira, foi mestre, amiga, companheira, alguém que muito me ensinou e me fez enxergar e acreditar que sabia pesquisar, sabia escrever.
Da turma que se formou sei que bons mestres estão em sala, mas destaco aqui meu querido e grande amigo Douglas. Sempre o tive como um irmão mais novo. Jeito tímido, sorriso doce e um enorme poder e desenvoltura pra ensinar. Parabéns, meu amor! Você faz parte de um grupo muito importante e fundamental pra que possamos acreditar que algo pode mudar e, pra melhor.
Minha incursão por esse mundo maravilhoso durou pouco, ministrei aulas por apenas três anos. As circunstâncias me tiraram de sala e ainda não encontrei coragem pra voltar. Ah!, tem que ter coragem.
Mas ficou aquele gostinho indescritível, que só quem viveu e vive o que é estar no meio de alunos sabe. Dez anos se passaram e ainda hoje, quando encontro algum aluno, sou chamada de professora e ouço agradecimentos. Não dá pra descrever tamanha felicidade. Outro dia mesmo, um aluno, depois desse tempo todo, me encontrou no Face. Mais uma vez, muita e muita felicidade.
Parabéns pra toda essa turma que ainda precisa, e muito, ter sua importância (pelo poder público, claro!) reconhecida e recompensada e que, mesmo assim, é apaixonada pelo o que faz. Sem paixão não há docência.

domingo, 14 de outubro de 2012

FERREIRA

Façamos sempre
Encontros e reencontros
Risos, sorrisos, eternas gargalhadas
Recordações brotando
Encontro marcado, encontro na Net
Idas e vindas
Retratos em preto e branco
Até o ano que vem !

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O Encontro dos Ferreira

Dia 13 de outubro próximo será realizado o primeiro encontro da família Ferreira.    Espero que o primeiro de muitos, já que, infelizmente, não poderei comparecer.
Quando, aqui em casa, começaram as combinações pra viagem, muitas lembranças me vieram à tona.
Lembranças, que não poderia ser diferente, carregadas de gargalhadas e vozes altas ... rsrsrs ... uma das marcas registradas da família.
Bem, o que me faz ser uma Ferreira: (preciso me apresentar) sou Virginia, filha da Lídia, neta do Mazinho. Vovô Arthur só conheci por fotografias e vovó Lídia se foi quando eu tinha uns dois aninhos, de quem também só me recordo por conta dos retratos.
Família grande a gente nunca conhece todo mundo. Principalmente quando mudamos de cidade ainda criança. Moro em Arraial do Cabo, litoral do Rio de Janeiro. Quando pequenos as visitas são mais frequentes, tem as férias de Julho e fim de ano. Com o tempo vem a faculdade, o trabalho, pra muitos, filhos e casamentos. Filhos, não os tive, sou uma tia coruja e desempenho bem esse papel, e casar, bem, espero que um dia Ari tome coragem, mas estamos felizes. O resto da história vai fazer parte de toda a fofocada que vai rolar nesse dia. Encontro de família é isso, matar saudade, contar histórias e deixar todos a par dos acontecimentos. Do que der tempo, é claro!
De toda essa gente maravilhosa que tive contato, me deu vontade de deixar registradas algumas boas lembranças.
Até os sete anos morei na casa do vô Mazinho e da vó Rachel. Perto dali moravam tia Branca e tio Nicácio. Adorava ir até a venda onde sempre era recebida com o carinho peculiar do meu tio. E nunca me esquecia de acenar e sorrir pro Serginho, à janela vendo o movimento.          
Nessa época, ainda morando em Barra, não posso me esquecer das caronas que Regina (filha do tio Nicácio) me dava até a escola, íamos eu, Daniele, sua filha, e Ana Paula, sua sobrinha. Ana Paula é filha do Cézar, um primo também muito querido, com quem gostava de conversar.
É engraçado as lembranças que guardamos. Eu e Daniele tínhamos a mesma idade, já Michele, sua irmã, tinha uns dois anos a mais, se não me engano. Sempre que falo na Michele, me vem a lembrança de um cabelo comprido, levemente ondulado e lourado. Talvez por ser diferente dos cabelos escuros e lisos, mais uma marca registrada dos Ferreira.
Próximo, também morava tia Maria, de quem adorava beijar as fofas bochechas, e sempre achei seus cabelos grisalhos, quase brancos, lindíssimos.
A lembrança que tenho de tia Zilda é de uma mulher forte e decidida. Sempre tenho essa sensação quando estamos conversando e lembrando da família. Algo que gostamos muito de fazer. Lembranças que, vira e mexe, vêm à tona. A última vez que a vi foi quando a vó Rachel se foi, apesar do passar do tempo, continuava bonita e elegante.
Tia Laide e tio Vicente, bem, não os conheci, mas de tanto ouvir falar, criou-se um laço. Talvez essa seja uma das magias das famílias. Saber que fazemos parte de algo tão grandioso faz-nos sentir, de certa forma, muito bem amparados, queridos.
Ouvir a voz do Aremildo ou do Ademir, ainda no portão da casa do vô, era motivo de festa, com certeza a conversa ia ser boa e, se tratando do Ademir, riríamos muito com as novidades que ele sempre trazia.
Depois que nos mudamos, sempre que possível, íamos até Piraí visitar tia Lourdes e tio Cid. O que mais gostava no meu tio, além de ser tratada com muito carinho, é que ele era muito parecido com o vô Mazinho, até o abraço forte.
O Xodó também era um lugar que nunca deixávamos de ir. Além das delícias, era uma oportunidade de encontrarmos com o Kelinho, que sempre nos recebia com um largo sorriso.
Família grande é assim, de vez em quando a gente fica de mal, às vezes, até levamos um tempo sem trocar uma palavra sequer. Mas quando o bicho pega ... temos a certeza dos muitos abraços. Pois isso nunca falta. Nunca falta um sorriso, um colo, palavras doces (em voz alta, bem alta), e o abraço bem apertado (também marca registrada dessa gente). Abraço esse que mais que recordar, sinto até hoje, quando chegava de viagem e, ainda no portão, saltava do carro e, lá estava o vô Mazinho, de braços abertos gritando: Ô nega! 

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Um Minuto de Silêncio

Um minuto de silêncio
é tudo que preciso
...
Na verdade
preciso que minha mente silencie por longo tempo
Mas ... se conseguisse um minuto
já seria um descanso

As idéias
as lembranças
toda a raiva
se embolam dentro de mim
e gritam o tempo todo

Queria sair correndo
deixando-as para trás
...
não sei como despistá-las
não sei como fazer pra que me esqueçam

Sugam minhas forças sem piedade
mas eu luto
me calo
Silencio tantos porquês
respiro fundo
apago a luz

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Vontade que passa

Tenho sentido muito medo
angústia
aquela sensação de barata tonta
cheia de inseticida
A vontade de morrer me ronda
Aqueles dias que sempre gostaria de ser esquecida
por tudo
por todos
pela vida
Mas ao ressuscitar tudo estaria igual
Morrer não vale a pena
Só me daria mais trabalho

Palavras de uma amiga

Os hindus dizem que estamos ligados
Mas a qualquer momento
de acordo com nossa evolução
rompemos com o velho ciclo
e começamos um novo
Estou a um passo da mudança
E será pra primeira casa
onde tudo começou
Me senti retrocedendo
O desespero chegou a encostar em mim
Uma amiga me disse
Vi, como um círculo se fecha?
Respirei aliviada

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Conversa de fim de dia

você me aninha ao peito
(de costas)
se faz polvo
com pernas e braços
que me prendem sem pudor
a boca macia
fala do dia que passou
conta novidades
reclama das mesmices
...
repete que me ama
fala da saudade
arrepia minha pele
...
ri
sorri
cochila
...
acorda
me beija
nos olha no espelho ...

Orvalho

O orvalho me banha
Lentas
as gotículas me acariciam
... sem o menor pudor
O sol quente as leva
me deixando murcha de saudade
Seus raios me fazem ressequida
E eu ...
espero a noite
com a brisa fresca que sopra antes
A lua chega
Sorriso de canto de boca
Eu me aprumo
e volto a sonhar
... com aquele beijo molhado

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Wa xa illah

Guia partida
que a cachoeira leva
Fé que não se rompe
tudo é uno
Batuque forte no peito 
certeza da proteção
Oxalá
que eu siga acreditando

Crescendo Juntos

Pensei que mudássemos com o tempo
Essência não muda
Aprendemos a lidar com o que descobrimos ser
Aprendemos a contar até o infinito
As fraquezas ficam mais evidentes
Deixamos de velar as frustrações
Olhamos fundo nos próprios olhos
Entendemos que 
precisamos amar o que nos deixamos ver
Percebemos que
a mudança 
é em como lidamos com o ser descoberto
Porque ele está aqui,
sempre estará

Eu ...
continuo sendo aquela garota

E você ...
aprendeu a enxugar minhas lágrimas


quinta-feira, 21 de junho de 2012

Vincos de beleza

Hoje conheci Julieta Bárbara
Imperdoável não tê-la conhecido antes
Aquele rosto vincado, lindo
Cada marca uma história
O copo de vinho sempre à mão
Lembranças de quase um século
Beleza que o tempo não apaga

Que meu rosto também se vinque
Que as histórias sejam boas lembranças
Que o vinho regue tudo isso
Que a beleza não me deixe

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Feliz Aniversário !!!

A vida é,
verdadeiramente,
uma caixinha de surpresas
O mundo é pequeno
O tempo é relativo
e
sempre o melhor remédio
Ser feliz
continua sendo a melhor opção
E completar 40
é como comer doce de leite de colher

domingo, 15 de abril de 2012

Único Amor

A lembrança já não dói
Adormeceu
por um tempo quase eterno
Quando voltou,
chegou mansa
querendo dar explicações
O melhor foi ignorá-la
Então percebeu
não poder mais me machucar
Sentou,
quieta,
em um canto do quarto
Mas eu sei que está me olhando
Sempre
De soslaio
Sempre
Aquele amor,
o único que senti,
cansou de procurar teus olhos

quarta-feira, 7 de março de 2012

Preguiça

A poesia está preguiçosa
Deitada na rede
nem olha
quando a chamo
Joga a cabeça para trás
fazendo charme
Eu !?
Nem ligo
Sei que precisamos descansar
Me ajeito ao seu lado
Quer que eu conte o segredo
Ri do meu ar de boba
e dos suspiros involuntários
Eu !?
Nem ligo

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Momento de Ficar Quieta

Por que tanta preocupação?
Por que a correria
me dando a falsa sensação do dever cumprido?
À vezes, nem sei pra onde corro.
Só sinto o cansaço.
Por que o sempre querer alcançar?
Às vezes nem sei bem o quê.
Resolvi ficar quietinha.
Vou ter que lutar contra a culpa.
Sei disso.
Mas ...
já tive adversários mais difíceis.
Vai dar tudo certo.

Medo

O que provoca esse enorme medo?
Só de pensar na possibilidade ... 
os pés se enchem de chumbo,
o olhar se perde
e a respiração quase para.
Uma decisão que pode provocar outras decisões.
A possibilidade do recuo.
A possibilidade da escolha certa.
Não é uma sentença de morte.
Não é um para sempre.
É apenas a oportunidade de,
pela primeira vez,
mudar.
Mudar no sentido de partir,
conquistar novos territórios.
Mudar,
pela primeira vez,
fazendo planos.
E com 99% de probabilidade
que dê tudo certo.
Mas o medo torna doído apenas vislumbrar.
O coração dispara
como de soldado que vai pra guerra.
A garganta é um enorme nó.
A culpa aparece.
Enorme nuvem cinza
anunciando dias de tempestade.
Uma culpa descabida
que insiste habitar-me.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Nuanças da Vida

As nuanças
desse colorido que é a vida
se desdobram em
sorrisos e lágrimas,
afagos e dores,
tropeços e bailados,
poeira e chuva fina,
solidão e pas-de-deux,
desespero e uma criança
E o arco-íris não termina
é redondo

Faxina

O ano começou
E eu me desfazendo
Me desfazendo numa faxina interminável
O lixo que pensei haver jogado fora
Volta
Trazido por um vento forte
Não tive tempo de fechar as janelas
O pouco arrumado
se desfez
Os tropeços aconteceram
Poeira nos olhos
Montes no chão
Chorei por duas horas
Lavei os olhos
Lavei a alma
Empunhei a vassoura
Fechei as janelas
Coloquei boa música
Assim é mais fácil
'bora faxinar