terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Estranha Solidão

         
          Essas redes sociais só me deixam claro o quanto vivo só. Tenho hoje registrado mais de 50 pessoas, que pra mim é como o Maracanã em dia de Fla x Flu.
          Se quiser conversar com alguém agora, não há. Não há ninguém. Pois esse enorme número não condiz com o que vivo, com o que tenho. Uma amiga tá no Rio, que pra mim é muito distante, e temos ritmos bem diferentes. Outra é casada, tem seu negócio que a ocupa principalmente nos fins de semana. E a que está mais próxima é cheia de amigos, colegas, tem sempre com quem sair.
          Eu nunca saio. Eu gosto de ficar só, gosto de ouvir o silêncio. Me irrito quando o telefone toca, e ele raramente toca, num momento em que estou entregue às minhas leituras. Mas tem uns dias, são poucos, devo reconhecer, uns três por mês, talvez, que me sinto tão sozinha. Eu sei que isso passa. E logo volto a contemplar o silêncio da minha existência.
          Há muito tempo não me sinto cansada de viver. Mas hoje tá pesando. Aquela velha vontade de morrer por uns instantes, talvez semanas. Hoje queria morrer e só ressuscitar depois do carnaval. Depois dessa devastação chamada turistas passar. A cidade fica cheia, lotada. Gente falando muito alto, gente que bebe o dia inteiro, músicas da pior espécie e tocando bem alto, somos obrigados a dividir o fraco gosto.
          Fiz das palavras minhas amigas. Essas estão sempre aqui, sempre que preciso. Nunca me faltam. Essa talvez seja minha salvação. Nelas eu morro e vivo quando necessito. Me desespero sem perder o prumo. Corro desesperada e não me perco nunca. Grito de dor e ela se esvai.
         Me contradigo e ninguém reclama. Comecei falando de estar me sentindo só e logo depois reclamo do mundo de gente que está por invadir a cidade onde moro. Mas ... as palavras me entendem, não reclamam, me deixam desabafar sempre que preciso. Cuidam de mim não permitindo que me sufoque em possíveis contrapontos, momentâneos. Eu sigo uma reta, tortuosa ... rs, mas uma reta.

Um comentário:

  1. As palavras são amigas em dias assim. Acho que escolhemos também o que temos a nossa volta, assim como potenciais e raros amigos de literatura. Lindo blog Srta. Ah Feliz natal rss

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