Meio século, cinquenta anos, cinco décadas, muitos anos, alguns anos, metade do caminho ...
Como tenho tios avós que estão quase chegando aos cem e outros que chegaram, posso estar na metade dele, nunca se sabe, que privilégio!
Nunca sabemos em que momento da caminhada estamos, então, o jeito é andar. E andar faz bem, bem pro corpo, bem pra alma.
Precisei ir até Petrópolis para perceber o quanto estava quieta na minha concha ... bem, na verdade, eu sabia estar bastante quieta na minha concha, mas desconhecia a grande necessidade de corpo e alma caminharem.
E caminhei.
Cada passo na mata era um passo em mim, uma descida íngreme até o adormecido. E, de passo em passo, caminhei e conversei com uma alma que, até então, eu desconhecia estar tão sedenta dessas pisadas.
Na Serra dos Órgãos, toda a minha compleição me fez resgatar movimentos perdidos. As panturrilhas, os joelhos, todo o meu corpo gritava que queria muito todo aquele deslocar-se, todo aquele ballet que a caminhada na mata exige.
Fui bailando, pra lá, pra cá, pisadas curtas, pisadas longas, pisadas firmes.
Comecei a me perguntar com que direito voltaria a hibernar por tanto tempo. Direito nenhum. Até os ursos só o fazem de tempos em tempos.
Antes, em Santa Izabel, em todo o percurso, fui me deparando com pequeninas porém suntuosas criaturas, cônscias de seus movimentos e de sua movimentação na dança da vida. Senti minha pequenez diante de tanta beleza e desenvoltura, saltos, voos e um rastejar que, mais ainda, meus pés quiseram abraçar aquele solo.
Agradeci à natureza e me pedi perdão, senti a concha desmanchar-se sorrindo.
Agora, sigo de ônibus, de volta pra casa.
A caminhada continua, ela também é feita em cima de motores, rodas ... e, até mesmo em nossas camas, quando precisamos descansar para os próximos percursos. Alguns programados, outros, que a vida nos apresenta de surpresa.
Se devemos segui-los ou não, pois surpresas podem assustar, é só pensarmos que, voltar também é caminhar, a vida não é uma linha reta e nem tem linha de chegada, é só o movimentar-se.
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