segunda-feira, 30 de junho de 2014

Vendas e Asas



                                                                                                           (gravura de Raphael Leonardo)

Não sei se fecho meus olhos
para não sentir
aquilo que vocês se recusam a ver
Ou se estou dormindo
esperando o pesadelo passar

Gritar não adianta
a venda também tapa os ouvidos
E vocês só querem falar
E cada palavra
me cai como fel

Mas o tecido é corroído pelo tempo
E mesmo de olhos fechados
já não vou precisar que enxerguem
ou que ouçam

Nesse tempo de casulo
num momento as asas brotam
e eu voo alto
sem vendas
sem amarras
com longas asas

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