Não sei se fecho meus olhos para não sentir aquilo que vocês se recusam a ver Ou se estou dormindo esperando o pesadelo passar Gritar não adianta a venda também tapa os ouvidos E vocês só querem falar E cada palavra me cai como fel Mas o tecido é corroído pelo tempo E mesmo de olhos fechados já não vou precisar que enxerguem ou que ouçam Nesse tempo de casulo num momento as asas brotam e eu voo alto sem vendas sem amarras com longas asas
Num átimo, a faca crava o coração com precisão de mestre em anatomia Ali morrem três Deus!, faça voltar dez minutos Corra menina ... corra Corra até a praia, grite o mais alto que puder, arrebente a garganta Deixe as ondas levarem toda essa angústia E no movimento de volta lavarem seus pés como um carinho Corra e soque um saco de areia, um "joão bobo" Soque qualquer coisa até que toda a sua dor chegue nas extremidades das mãos e escorra por entre seus dedos indo pelos bueiros da vida Depois, se largue ao chão Vitruviano de da Vinci Deixe que a respiração quase se vá E ali reze faça do teu silêncio a mais pura oração A vida nunca retrocede Menina sem rosto, de joelhos me ponho e peço por ti
Como consegue estar tão presente? É só um travesseiro que abraço e fico feliz É só uma voz dizendo - bom dia! e o dia é bom de verdade Consigo sentir o gosto doce desses olhos que não esqueci a cor Um misto de sensações e emoções me pegou numa dança cheia de rodopios De repente ... tudo parou e se fez paz Somente paz E esperar - que pode ser angustiante - é só mais um dia feliz
Não se preocupe,amigo nenhuma dor me aflige apenas um pequeno incômodo que basta ser poeta transformamos em dor dilacerante Uma pequena farpa e pronto um punhal atravessa nosso peito Que bom termos nossas boas e velhas amigas as palavras Exorcizamos fantasmas ou os criamos quando a vida parece sem graça
Você é, terminantemente, uma doença sem cura. Não queria crer nisso mas é o que me resta. Um livro, um filme, um quadro ... e me pego te procurando. Pergunto quantas vezes mais lerei seus poemas, olharei as mesmas fotos, os artigos de revista ... Talvez quando morrer ... Assim me livro da doença? Não. Se morro viro fantasma. E nem te assombrar você há de me permitir.
Por aqui passamos Passeamos Tudo no "seu" tempo Raramente no nosso O que vivemos O que olhamos O que tocamos Tudo ficou Ali Lá Cá num canto perdido Ou num recanto Mas ficou Levo dentro de mim tudo que a vida me fez sentir Isso ... ainda não ficou Mas um dia há de ficar Quando comigo Minhas memórias se forem E um dia Com aqueles Que ... hão de ir Mas enquanto respiramos As boas lembranças Dançam no tempo Ignoram a existência dos ponteiros E seguem nos resgatando Nos amparando Próximo ao precipício Nos abraçando Quando no desespero Nos fazendo lembrar Que dez minutos valem mais que 10 anos Que esse tempo feito de números É só pra constar