domingo, 21 de junho de 2015

Meu Todo Indizível



Talvez o grande segredo é aceitarmos que somos um todo além do que podemos conceber.

Um todo que foge às paredes que conhecemos. Que não se encontra apenas nos caminhos que já percorremos e nos que dizemos não querer percorrer jamais.

Algo muito maior do que já experimentamos e do que não ousamos, sequer, pensar em experimentar.

Tudo que somos é algo desconhecido.

Nunca teremos tempo pra perceber talvez um terço. Bobagem ... um milésimo já será lucro.
Mas chegamos perto, bem perto, quando tentamos. Simplesmente, tentamos.

Quando abrimos os braços e nos jogamos.

Quando nos desprendemos das palavras. Elas criam amarras, jogam em nossas cabeças toneladas de regras incompreensíveis. E só depois percebemos que assim o são por serem, meramente, insensatas.

O indizível é o grande segredo. O que de maior nos pode ser sussurrado em cada canto do nosso corpo. Espaço que vai além do que podemos tocar ou ver. E nem por isso é metafísico. Nosso tato só não está acostumado a ele.

Esse todo pode estar contido num suspiro. Aquele que nem percebemos quando se manifesta.

Aquele que talvez só seja conhecido pelas borboletas.



sábado, 20 de junho de 2015

Sublimação


Eu corro
... sem rumo
... sem margens

Minhas lágrimas viram nuvens
voando a procura de pouso

Repouso em braços desconhecidos
no suor de um amor inventado

Solidifico tudo em que acredito

E volto a me derreter
nesse curso sem rumo
que apenas o ir me importa

Quando essas nuvens densas
me trarão você?

Quando o abraço
terá músculos e braços?

Quando o suor será salgado?

... e o amor
sublimado




quarta-feira, 17 de junho de 2015

Todo


Sempre me senti inteira.
Mesmo nos dias que o todo
não era bem tudo que gostaria.
Nunca fui um todo formado por duas metades.
Vai que uma se desprende!
Meu todo é formado
por nuanças que não se desgrudam.
Brigam entre si por vezes.
Mas sabem ter que conviver.
Não abro mão de nenhum pedaço.
Meu todo é tudo que tenho.
Tudo se embola,
me descabela,
me faz rir,
chorar.
Há dias que corro
mesmo sabendo não existir fuga.
Pelo menos me exercito.
Olho ...
e meu todo está lá.
Com aquele sorriso de canto de boca
que sempre me seduz.



terça-feira, 16 de junho de 2015

Droga essencial


a única droga que deveríamos experimentar
sempre que se manifesta
é a que possuímos na essência
onde tudo está
onde tudo se esconde quando não a reviramos
o torpor causado
e o deixar-se levar por ele
é o que mais nos abre os olhos
os olhos da alma
da vida que constantemente se ergue
em nós
para nós
fechemos os olhos
e deixemos a dança nos invadir
dançando de olhos fechados
é quando mais nos enxergamos
e melhor sentimos a música
e os passos saem perfeitos


segunda-feira, 15 de junho de 2015

Um susto


Tem um poço fundo
que num momento
penso querer secar...
Talvez sem fundo
assim me parece em outro

Não sei se bebo os últimos goles
ou se estou num infinito cair

Mas você chega
como um susto
me inundando de respostas
me acolhendo 
em perguntas
que fazem as asas crescerem

E eu bebo do elixir
e voo sem medo