terça-feira, 28 de abril de 2015

Amarras Azuis


Que amarras são essas?
Azul que venda meus olhos
Vela o medo
E revela o desconhecido

Que amarras são essas?
Etéreos nós 
Que não deixo soltar
E solta ... corro ao encontro

Tecido que me cobre
E sem piedade, descobre
Deixando-me ao relento
No frio da saudade

Tecido azul ... ditando o tom
Do som abafado
De um beijo molhado, encharcado
Num corpo largado

sábado, 25 de abril de 2015

Infinito que me perturba

Hoje é aquele dia 
que não há luz no fim do túnel
Nem num túnel estou
Hoje é dia 
do corredor sem fim
sem começo
Na verdade
não é um corredor
é um caixote
Acordo
e já estou nele
Não há saída
mas também não tenho pra onde ir
...e nem quem queira entrar
É mais um momento de escuridão
que eu sei que passa
Mas isso não torna cada minuto
menos infinito
O que me faz não estrangular-me
é que sei ter fim esse infinito
que ora me perturba 

domingo, 19 de abril de 2015

Arte de Criança

A criança
de mãos lambuzadas de tinta
as deixa passear pela parede
despreocupada

Já faz arte

e já não é compreendida

Meu caminhar

Que correria é essa?
Talvez o mundo esteja acabando
desde que começou
Eternos recomeços
que não nos deixamos perceber
Continuo caminhando
de pés descalços
sentindo o caminho
Quem passa apressado 
já não me interessa

sábado, 18 de abril de 2015

Total liberdade

A liberdade
sempre nos parece ser
grandes asas
que nos permitimos
num determinado momento
Mas...
também pode ser
o estarmos presos
cônscios dessa decisão

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Impossível Diálogo


As frases se desencontram
Sentados de costas
cada um profere seu monólogo
Cada verdade impera
e mais longe se encontram
mesmo ali
sentados de costas
As frases
cobertas de verdades próprias
nunca serão um diálogo
E mais longe se encontrarão
Chegou a hora do silêncio
Não a da separação
pois nunca estiveram juntos


Bonsai


Sempre admirei essa arvorezinha
Mas dispensava-lhe dó
Só conseguia enxergar
os limites aos quais era submetida
Pequeno objeto de contemplação
Pequeno ser de vida moldada
para o simples deleite alheio
Pobre arvorezinha - seguia eu pensando

O tempo passou ...
Deitei novo olhar a minha vida

Hoje
quando olho pra um bonsai
e vejo aquele ser
ao qual
sem darmos por nós
já o reverenciamos
entendo toda a sua grandeza
em aceitar o rumo da vida
e
simplesmente
saber florear


Mergulhando

Não consigo viver no raso
nunca soube o que era isso
... mesmo sem me dar conta

Sempre mergulhei fundo
e a vida também ...
sempre me mergulhou bemmm fundo

A primeira sensação 
é de que vamos nos afogar
desespero total
a morte ali
sorrindo

Aí nos damos conta que é possível nadar
... mesmo sem saber pra onde

Mas temos que nadar
deve ser a única opção
pelo menos a única que concebi existir

Não entendo quem passa a vida boiando
... é ficar à deriva ...
e isso nos deveria ser proibido.


terça-feira, 7 de abril de 2015

Solitude

Vivia rodeada de gente
A vida era um transatlântico
E eu à deriva
Um dia o vento bateu forte
Caí 
sozinha
num bote
O mar me levou pra longe
Sozinha
tive que me fazer companhia
Ri
Chorei
Ignorei
Encarei
Falei, falei
Emudeci ...
... gargalhei
Quem ficou à deriva foi a solidão

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Com-passos

A vida escolhe a música
Eu danço
O ritmo novo faz desajeitar-me
Eu tento
Rodopio pro lado errado
Num forte puxão
Eu volto pro passo
Confundo direita com esquerda
Fico tonta
Nunca soube me deixar levar
O erro foi esse
(será?)
Compassos
E eu nos meus passos pro lado oposto
Tento deixar-me ir como a música manda
Como a vida quer